terça-feira, 29 de junho de 2010

Os vários espiritismos existentes



Que toda a paz que emana de nosso Senhor possa estar conosco agora e sempre.

Estava acompanhando uma discussão “nalgum” grupo espírita. Uma determinada irmã está perguntando se existe algum problema na prática da mediunidade em casa ao invés do centro.

Obviamente que várias foram as respostas e a grande maioria delas negativamente, mas, o que mais me entristeceu foram as respostas de maneira geral. A grande maioria das respostas, se não todas, foram criticando, no sentido de orientar, a prática da mediunidade no lar. Não quero me alongar muito nisso, até porque não é o alvo deste “post”, e passo o link da discussão efetuada no site Yahoo Respostas. Mas eu dizia.... Me entristeceu porque todo mundo generalizou. A própria médium fornece leve explicação de que está iniciando agora no espiritismo mas, ninguém orientou-a a procurar suas respostas (porque a mim está claro que não existe apenas uma pergunta) num centro qualificado. Todos, na ânsia sôfrega de ajudar, claro, simplesmente falaram que ela deveria praticar a mediunidade no centro. Alguns arriscaram dizer que existem vários tipos de mediunidade, outros, alem de responder, sugeriram livros. Tudo ótimo, exceto pelo fato da generalização. Eu abomino a generalização. Sei que não deveria abominar nada mas minha fase de aprendizado (que a mim parece eterno) me permite cometer erros. E abomino a generalização. Ninguém a orientou no sentido de esclarecer-lhe que cada indivíduo, à sugestão do próprio nome, é único e que ela deveria procurar um hospital. Absolutamente ninguém. Vale lembrar que quando digo hospital, é o do espírito, ou da alma, como corrigiriam alguns puristas.

Mas, teve uma outra coisa que me chamou mais atenção ainda do que a tola (desculpem) pretensão de achar que somos todos iguais e que nossos problemas também o são. Uma das respostas dizia “...Dentro de um centro espírita idôneo (Kardecista e Federado) ele tem apoio do grupo, que comunga os ideais, e sózinho [SIC], ele, precisa ser capaz de separar as influências e de se manter protegido !...” . Fiquei me perguntando: Por que raios os centros não kardecistas não são idôneos? Eles não praticam os ideais de Cristo? E vou mais além... Um centro espírita só é idôneo se federado?

SENTA QUE LÁ VEM A “HISTÓRIA”

O Espiritismo nasceu com o lançamento, na França, de O Livro dos Espíritos de Allan Kardec, pseudônimo do Prof. Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869), um discípulo do pedagogo Johann Heinrich Pestalozzi.

As bases fundamentais do Espiritismo podem ser resumidas em cinco pilares:

1. Deus existe como "inteligência suprema e causa primeira de todas as coisas;
2. Os espíritos são imortais e pré-existem ao corpo físico;
3. Há uma pluralidade de existências e de mundos habitados;
4. Os espíritos se comunicam com o mundo físico;
5. Todos os espíritos (encarnados e desencarnados) estão submetidos à lei da evolução intelecto-moral através de múltiplas existências até chegarem a plenitude divina.

Na grande maioria do movimento espírita, o Evangelho de Jesus Cristo é o modelo ético-moral desse processo evolutivo das almas.

Logo em seguida, o Espiritismo aportou em terras tupiniquins, especificamente em 1860. Em Salvador, no ano de 1865 é realizada a primeira sessão espírita nacional e no mesmo ano, também na Bahia, é fundado o primeiro centro espírita do Brasil. Logo após a desencarnação de Kardec, ou seja, em 1869, ainda na terra do axé, surge o primeiro órgão da imprensa espírita. Não fora coincidência todos os fatos acima surgirem no mesmo local. Após todas essas “investidas” na doutrina reveladora Luiz Olímpio Teles de Menezes foi considerado o monitor do espiritismo no Brasil.

Em 1883 a Federação Espírita é fundada e isso cria novos pilares para a doutrina.

O “nascimento” desse espiritismo era claramente elitista. Basicamente formado por profissionais liberais e militares de classe média sendo que a grande maioria possuía forte conhecimento da língua francesa para leitura das obras de Kardec e Roustaing. Devido ao surgimento desse neo-espiritismo alguns pesquisadores, ainda hoje, classificam a doutrina como uma "religião brasileira de classe média".

MAIS HISTÓRIA: A TRISTE QUEBRA DO MOVIMENTO.

Desde o século 19 que o espiritismo é alvo de imensuráveis brigas no topo de sua pirâmide. Brigas acirradas dividiam os espíritas em místicos e científicos e em 1879 houve a primeira quebra interna do movimento, com a fundação de duas novas sociedades. Eu não iria postar, mas, em linhas gerais, os místicos defendiam o estudo do evangelho de cristo e o espiritismo como religião. Esse fundamentalismo era liderado pelo nosso grande médico Bezerra de Menezes. Os científicos defendem um espiritismo não-religioso. Um espiritismo científico e experimental. Em curtas e breves palavras: Religião ou não ?

Ao assumir a presidência da FEB, Bezerra com suas receitas homeopáticas é responsável pelo grande crescimento do espiritismo no país, porém, ainda muito elitizado. Apenas com o surgimento das obras do nosso Chico é que o espiritismo começa a se difundir em outras classes sociais.

Em outubro de 1949, durante uma Conferência Espírita realizada no Rio de Janeiro pela CEPA (Confederação Espírita Pan-Americana, mais alinhada com os científicos) surgiu a oportunidade de reunir todas as grandes lideranças do Espiritismo nacional que acabaram por celebrar o "O Pacto Áureo", unificando o movimento espírita e diluindo a velha rincha entre científicos e místicos. Alguns centros espíritas não aceitaram tal "unificação" e, até hoje, ou se mantém não-federados ou se filiaram somente a CEPA que vem crescendo no Brasil depois do regime militar, especialmente na segunda metade dos anos 90, com sua pregação por um Espiritismo laico, sem vínculos religiosos e sem nenhum caráter místico, em alguns casos, com forte conotação socialista.

Tenho até vergonha de postar esse pequeno histórico do espiritismo nacional porque sua amplitude é muito maior que isso, mas, ainda que breve, ele nos serve de pano de fundo para pensarmos sobre o espiritismo atual, que, permanece dividido em muitos setores e, cada um deles esqueceu nossa máxima e reivindica para si a “verdadeira interpretação” das obras de Kardec e mais recentemente incluindo nessa briga as obras de Chico e do Divaldo.

Com todo esse revanchismo, motivado apenas por ideais paternais e financeiros, hoje o espiritismo se divide em três grandes grupos com suas ramificações e alianças:
Ortodoxos, dividindo-se em Roustenguistas, Tradicionais e Laicos.
Heterodoxos , que se dividem em Leves, Ramatisianos, Laicos heterodoxos e Armondistas
Independentes , e tome divisões: Conscienciologia e Projeciologia, Divinismo, Racionalismo Cristão, quarta revelação pós-espírita; os ubaldistas puros os Sem-alianças e mais algumas outras divisões que, sinceramente, me cansam.

Voce tinha conhecimento de tantas divisões "em prol" de nossa doutrina ?

Pois eu, depois de estudar isso tudo a alguns anos atrás fiquei deprimido. Vou postar uma pequena definição de cada uma delas mas, se você for um humano normal, alheio a políticas idealistas e financeiras, deve estar se perguntando: Onde estou nisso tudo ? Qual a filosofia do centro que freqüento?

Não obstante nossas próprias dúvidas ainda somos questionados por nossos amigos espíritas, eventualmente inclusive, em tom irônico: “Mas, esse centro é federado?”

Pois é meus irmãos(ãs). Está na hora de esquecer esse elitismo barato. Essa divisão que cria várias doutrinas, porque, em verdade o espiritismo é tudo. É religião. É ciência. E por isso a doutrina que escolhemos é tão maravilhosa. Ela é arcaica, contemporânea e futurista.

Encarecidamente eu peço, a cada um de vocês, irmãos de jornada: Não vamos fortalecer essa divisão. Por que não podemos simplesmente estudar, cada um a seu termo, todas as “verdades” que o espiritismo trouxe? Não devemos almejar ser seu dono, porque ela, a verdade, simplesmente é de todos, assim como de todos deve ser a fantástica doutrina que nos aponta para a criança criada em laboratório e que nos une as mãos elevando-as ao mais alto.

E quando perguntado sobre a origem de nossos centros, ignoremos federações, repartições, associações, ramificações e divisões. Na verdade o que queremos e precisamos saber é se estamos freqüentando um centro idôneo. Aqui sim, eu arrisco uma resposta: se seu centro pratica a caridade, possui uma obra assistencial qualquer em franco crescimento e não tem dinheiro em caixa: BINGO! É ele. Tenho pra mim que dinheiro em caixa e centro espírita pode ser comparado a um belo copo de água e óleo. Impossível de se misturar e irremediavelmente poluído.

E que nossos erros venham para nos servir de exemplos afim de nos aproximar do Mestre que é sem dúvida, indivisível.

Alt

CITAÇÕES DESTE POST:

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Créditos

Irmãos e irmãs, estou aqui apenas para dizer que estou trabalhando no próximo post e para fazer justiça.

No subtítulo de nosso blog constava, incorretamente:
"Bem vindo ao blog de divulgação da terceira reveleção"

Atenta, como sempre, nossa amiga Simone atentou para o erro e agora o subtitulo do blog está correto.

Justiça e créditos concedidos a quem de direito seguido de meus mais sinceros agradecimentos.

Muita paz e se o Pai permitir, até breve !

segunda-feira, 14 de junho de 2010

As obras de Baccelli e seu impacto



Irmãos e irmãs, que a luz que emana dos emissários do senhor possa inundar nossos corações.

Eu sou a pessoa que têm mais defeitos no mundo inteiro. Mas não fique com pena de mim. Não falo isso para que meu leitor me trate como se tratasse a um doente terminal. Eu falo isso porque um dos meus grandes defeitos é não manter minhas amizades e não haveria como citar esse defeito sem que parecesse ser o único. Então, acredite em mim: perto da infinidade de defeitos que me assolam a alma, esse é um cisco.

Mas, não sei bem porque citei esse meu defeito. Eu não tinha a mínima pretensão de falar sobre a quantidade de amizades que já deixei escapar pela minha vida por esquecer de manter o contato.

Ah! Sim, lembrei (para você foi num piscar de olhos mas eu demorei uma tarde inteira para voltar a esse texto e completá-lo)... Eu, e esse meu defeito já me fizeram perder várias pessoas queridas pelo caminho mas, a pouco tempo atrás, graças ao ORKUT, fui encontrado por uma grande amiga dos velhos tempos de Lofty (baladinha extinta no coração do Gonzaga/Santos). Essa amiga, no último dia 05/06, após ler esse humilde blog, mandou-me um email perguntando a respeito do livro “Estudando Nosso Lar” do Baccelli (, Carlos A) com o Dr. Inácio Ferreira. Na verdade ela me perguntou, mais exatamente, sobre o que era discorrido no livro. Respondi-lhe que sua resposta seria dada por aqui. E aqui estamos para isso.

No livro Baccelli, com a ajuda do autor espiritual (ou seria o contrário?), nos ajuda a entender um pouco mais sobre a cidade espiritual de Nosso Lar. Tenta ser um guia de estudo ao ler Nosso Lar e, pela falta de obras desse nível, o livro obtém o êxito pretendido. Ajuda a interpretar (sempre segundo o ponto de vista do autor espiritual) o que André Luiz nos retrata. É um livro muito bom, e segundo os meus conceitos, recomendo. Porém eu acredito que o médium tenta, numa ânsia de resposta aos espíritas incrédulos de suas obras, convencer o leitor de certos conceitos. Eu simplesmente adoro as obras do médium (todas), mas, eu acredito que em todas as suas obras ele cometa o mesmo “erro”. Sempre tentando convencer. Mas, por que ? Que adianta ? Quando André Luiz recebeu a incumbência de nos transmitir aquilo que considero a continuação das obras de Kardec, em tempo nenhum ele tentou convencer ninguém do que ele estava ditado. Muito menos nosso amado Chico ficou debatendo sobre o tema. Obviamente que foi uma revolução, principalmente quando do lançamento de Nosso Lar, e ele precisava responder algumas perguntas, mas, aos incrédulos que ficasse a sua discórdia. Não quer acreditar ? Respeito muito mas, deixe-me seguir com meu trabalho. Nada de, livros após livros, falando sobre os mesmos temas. E Baccelli incorre nesse erro. Em toda sua obra doutrinária ele fala sobre a reencarnação de Chico, sobre a reencarnação no mundo espiritual e sobre os espíritos terem necessidades fisiológicas. Creio eu que já seria o bastante um comunicado desses e pronto. Gerou revolução ? Pois ela perdurará apenas até a próxima obra pois lá outra bomba explodirá, encobrindo esta.

Não sei se estou sendo claro o bastante. Desculpem !

Baccelli x Mundo Espírita x Bacelli x Mundo Espírita x ...

E deixemos uma coisa muito clara. Eu leio Baccelli. E muito. Se acredito ou não no que está escrito eu não vou dizer porque estaria sendo contraditório com minhas opiniões aqui pautadas. Mas leio com muita freqüência e gosto. Acredito que o linguajar é simples de se entender . Eu sempre achei que as palestras em centros espíritas são pautadas num linguajar muito antigo e lembremos que a média populacional do espírita está crescendo, trazendo, com esse crescimento, a população paupérrima e, faz-se necessário explicar o evangelho em linguagem simples, português claro. E o Baccelli nos trouxe isso.

Aí ele escreve, com todos aqueles conceitos de Chico ser Kardec, de um espírito estar grávido e de um espírito sentir vontade de fazer xixi e pronto. Uma dezena de centena de pessoas criam listas de discussão para dizer que ele é analfabeto, que ele é interesseiro, que ele quer polemizar e que ele quer distorcer as raízes do espiritismo e isso e aquilo e.... fazem greves às obras do Baccelli. Raros são os centros espíritas cujas bibliotecas ou livrarias possuem obras dele, cedendo o lugar dele ao Divaldo Franco.

Ora essas: Em primeiro lugar o Baccelli não precisa de defesa e não estou defendendo-o (aliás, a alguns parágrafos atrás lembro-me de te-lo criticado, ou às suas obras). Ele não precisa de defesa. Também não estou polemizando, estou colocando nesse espaço minha humilde opinião. Em segundo lugar o Baccelli é formado em Odonto. Super estudado. Homem culto e isso é perceptível quando se assiste a uma palestra dele (já tive esse prazer). Mas, depois que ele escreve, as obras são revisadas ortográfica e gramaticalmente por um grande amigo do Baccelli. Além disso a editora também deve revisar (o que já não garanto). Aí, uma palavrinha que saia errado e.... Todo mundo mete o pau sem saber. Simplesmente criticam e o chamam de analfabeto como anda acontecendo em alguns fóruns espíritas. Terceiro: O Baccelli reverte 100% de suas obras literárias para obras assistenciais mineiras. O Lar dos idosos, o CE Pedro e Paulo e tantos outros. Alguém por favor me diga onde há interesse nisso ? Porque o sujeito “cede” seu tempo ao espiritismo, psicografando, vende, reverte e é duramente criticado e até excluído ? Ora essas... É de se admirar que alguém possa chamar de interesseiro alguém que não pega um centavo sequer de suas obras. Que tem um trabalho de assistência social maravilhoso ajudando um “sei lá quantos” de pessoas (pesquisem, eu não sou o dono da verdade). E o pior, muito me admira isso acontecer no coração dos centros espíritas. Então, deixo aqui meu recado como um grito: Espíritas: Uni-vos pelo ideal, pela doutrina apaixonante que nos conduz e pratiquemos a máxima FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO !

Que o Pai celestial possa, em sua onipresença, abençoar nossa semana.

Alt

CITAÇÕES DESTE POST:
Para Ler



- Estudando Nosso Lar
Carlos A. Baccelli e Inácio Ferreira
LEEP (Livraria Espírita Edições Pedro e Paulo)
350 páginas